A adolescência, a relação professor-aluno e o processo
ensino-aprendizagem
O conhecimento sobre a psicologia do desenvolvimento é
fundamental para o exercício da profissão de qualquer educador. Nesse sentido,
é imprescindível que o corpo docente de qualquer escola que trabalhe com o
ensino médio saiba, conheça e compreende a adolescência procurando desempenhar
uma relação professor-aluno adequada e que objetive o sucesso do processo
ensino-aprendizagem de forma saudável.
A adolescência tem que ser compreendida como um processo
bio-psico-social e não somente como uma época de imaturidade em busca da
maturidade. É uma atitude muito simplista rotular os adolescente, especialmente
os alunos de ensino médio, como indivíduos imaturos e que precisam ser
tutelados a todo o momento e por essa razão submetê-los a regras muito rígidas.
Devemos compreender que o adolescente tem um papel social
dentro do desenvolvimento das sociedades humanas no que diz respeito a
renovação das formas de relações sociais e até mesmo da estrutura da sociedade.
Portanto é natural e até mesmo desejável que os adolescentes questionem os
padrões estabelecidos, pois isso é fundamental não só para o desenvolvimento de
sua própria personalidade e de sua cidadania, como também para as gerações mais
velhas refletirem e repensarem seus próprios paradigmas.
Não há nada de errado em o adolescente questionar as regras
estabelecidas, porém a forma de resolução desse conflito é que tem que ser
refletida, sob a luz do conhecimento científico sobre a adolescência, pelo
educador.
É preciso salientar que o adolescente não tem problemas
específicos com a autoridade exercida pelas pessoas mais velhas e experientes.
Pelo contrário os adolescentes necessitam de um referencial de autoridade. O
problema está em como essa autoridade é exercida. A autoridade não pode ser
imposta a qualquer custo. A autoridade é algo a ser conquistado e fundado no
respeito, na confiança e na oportunidade.
Reações vivenciais não-normais, exageradas, neuróticas e
desproporcionais são prejudiciais ao processo ensino-aprendizagem. É necessário
lembrar que o ato de aprender é um fenômeno intrínseco e autônomo e não pode
ser imposto. Mudança de comportamento baseada no medo e na imposição não tem
nada a ver com o processo ensino-aprendizagem. Essas mudanças são
potencialmente efêmeras uma vez que a coerção autoritária se dissipe.
O real processo ensino-aprendizagem advém de mudanças de
comportamento autônomas do individuo e que se traduzem em habilidades permanentes
de lidar com situações novas usando as competências absorvidas das relações
sociais. Entre essas relações, no ambiente escolar, talvez a mais importante
seja relação professor-aluno.
Não existe aprendizagem em relação onde não há confiança,
principalmente em relação as pessoas que lhe servem de modelo, como é o caso do
professor em relação aos seus alunos. O desafio inicial de qualquer professor
em relação aos grupos de alunos com quem se relaciona é conquistar sua
confiança através do afeto e da empatia. Essas são condições necessárias não só
para obter sucesso no processo ensino-aprendizagem, mas também para obter
estabelecer critérios e regras de convivência que os alunos assimilem como seus
por ter significado e sentido pra si próprios.
Isto é, o papel do professor é esclarecer o sentido das
regras e ser claro e firme na relação de causa e conseqüência dos atos em
relação a elas, mas sem perder a serenidade e o equilíbrio. Trabalhando dessa
forma, o professor, além de apresentar ao aluno o conhecimento historicamente
acumulado pela humanidade, ainda o ajuda a esclarecer o que é a autêntica
liberdade, ajuda-o a conhecer suas limitações e possibilidades e ao mesmo tempo
fomenta a flexibilidade nas relações sociais tão necessárias para evitar a
violência em todas as suas formas, tanto físicas quanto psicológica.
-Profº Marcelo.
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